sábado, 27 de outubro de 2012
May be man
O May be man
Existe o “Yes man”.
Todos sabem quem é e o mal que causa. Mas existe o May be man. E poucos sabem quem é. Menos ainda sabem
o impacto desta espécie na vida nacional. Apresento aqui essa criatura que
todos, no final, reconhecerão como familiar.
O May be man vive do
“talvez”. Em português, dever-se-ia chamar de “talvezeiro”. Devia tomar
decisões. Não toma. Simplesmente toma indecisões. A decisão é um risco. E
obriga a agir. Um “talvez” não tem implicação nenhuma, é um híbrido entre o nada
e o vazio.
A diferença entre o
Yes man e o May be man não está apenas no “yes”. É que o “may be” é, ao mesmo
tempo, um “may be not”. Enquanto o Yes man aposta na bajulação de um chefe, o
May be man não aposta em nada nem em ninguém. Enquanto o primeiro suja a
língua numa bota, o outro engraxa tudo que seja bota superior.
Sem chegar a ser chave
para nada, o May be man ocupa lugares chave no Estado. Foi-lhe dito para ser
do partido. Ele aceitou por conveniência Mas o May be man não é exactamente
do partido no Poder. O seu partido é o Poder. Assim, ele veste e despe cores
políticas conforme as marés. Porque o que ele é não vem da alma. Vem da
aparência. A mesma mão que hoje levanta uma bandeira, levantará outra amanhã.
E venderá as duas bandeiras, depois de amanhã. Afinal, a sua ideologia tem
um só nome: o negócio. Como não tem muito para negociar, como já se vendeu
terra e ar, ele vende-se a si mesmo. E vende-se em parcelas. Cada parcela
chama-se “comissão”. Há quem lhe chame de “luvas”. Os mais pequenos
chamam-lhe de “gasosa”. Vivemos uma nação muito gaseificada.
Governar não é, como
muitos pensam, tomar conta dos interesses de uma nação. Governar é, para o
May be Man, uma oportunidade de negócios. De “business”, como convém hoje,
dizer. Curiosamente, o “talvezeiro” é um veemente crítico da corrupção. Mas
apenas, quando beneficia outros. A que lhe cai no colo é legítima, patriótica
e enquadra-se no combate contra a pobreza.
Mas a corrupção, em
Moçambique, tem uma dificuldade: o corruptor não sabe exactamente a quem
subornar. Devia haver um manual, com organograma orientador. Ou como se diz
em workshopês: os guidelines. Para evitar que o suborno seja improdutivo.
Afinal, o May be man é mais cauteloso que o andar do camaleão: aguarda pela opinião do chefe, mais ainda pela opinião do chefe do chefe. Sem luz verde
vinda dos céus, não há luz nem verde para ninguém.
O May be man entendeu
mal a máxima cristã de “amar o próximo”. Porque ele ama o seguinte. Isto é,
ama o governo e o governante que vêm a seguir. Na senda de comércio de
oportunidades, ele já vendeu a mesma oportunidade ao sul-africano. Depois,
vendeu-a ao português ao indiano. E está agora a vender ao chinês, que ele
imagina ser o “próximo”. É por isso que, para a lógica do “talvezeiro” é
trágico que surjam decisões. Porque elas matam o terreno do eterno adiamento
onde prospera o nosso indecidido personagem.
O May be man descobriu
uma área mais rentável que a especulação financeira: a área do não deixar
fazer. Ou numa parábola mais recente o não deixar. Há investimento à vista?
Ele complica até deixar de haver. Há projecto no fundo do túnel? Ele escurece
o final do túnel. Um pedido de uso de terra, ele argumenta que se perdeu a
papelada. Numa palavra, o May be man actua como polícia de trânsito corrupto:
em nome da lei, assalta o cidadão.
Eis a sua filosofia: a melhor maneira de
fazer política é estar fora da política. Melhor ainda: é ser político sem
política nenhuma. Nessa fluidez se afirma a sua competência: ele sai dos
princípios, esquece o que disse ontem, rasga o juramento do passado. E a lei
e o plano servem, quando confirmam os seus interesses. E os do chefe. E, à cautela, os do chefe do chefe.
O May be man aprendeu
a prudência de não dizer nada, não pensar nada e, sobretudo, não contrariar
os poderosos. Agradar ao dirigente esse é o principal currículo. Afinal, o
May be man não tem ideia sobre nada: ele pensa com a cabeça do chefe, fala
por via do discurso do chefe. E assim o nosso amigo se acha apto para tudo.
Podem nomeá-lo para qualquer área: agricultura, pescas, exército, saúde. Ele
está à vontade em tudo, com esse conforto que apenas a ignorância absoluta
pode conferir.
Apresentei, sem
necessidade o May be man. Porque todos já sabíamos quem era. O nosso Estado
está cheio deles, do topo à base. Podíamos falar de uma elevada densidade
humana. Na realidade, porém, essa densidade não existe. Porque dentro do May
be man não há ninguém. O que significa que estamos pagando salários a
fantasmas. Uma fortuna bem real paga mensalmente a fantasmas. Nenhum país,
mesmo rico, deitaria assim tanto dinheiro para o vazio.
O May be man é
utilíssimo no país do talvez e na economia do faz-de-conta. Para um país a
sério não serve.
Mia Couto
(Sinto-me realizado como homem, como pai, em tudo aquilo que só de mim depende. Profissionalmente e em actividades directivas, no campo do desporto, da cultura, arte, etc., nunca foi alem do nada porque, sempre foi uma pessoa de valores tais como Dignidade, Integridade, Caracter entre outros, que não me permitem ser um lambe botas, um yes man.)
CA
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segunda-feira, 15 de outubro de 2012
O poder da gratidão
Saber agradecer pode melhorar o nosso bem-estar físico e emocional. Robert A.
Emmons, autor de "Obrigado!", explica como.
A gratidão pode desempenhar um
papel fundamental na felicidade humana. "E literalmente, uma das poucas coisas que pode
mudar a vida de uma pessoa", basta que seja assumida e expressa com
honestidade. Já na última década dedicou-se ao estudo da gratidão, essa emoção que o filosofo francês André
Comte-Sponville definiu como "a mais agradável das virtudes e o mais virtuoso dos
prazeres."
Através de vários estudos empíricos os dois cientistas descobriram que a
prática da gratidão tem uma série de benefícios "psicológicos, físicos e
interpessoais", que incluem um sono melhor, mais otimismo e mais
"humor e energia" e um melhor relacionamento com os outros. Os
efeitos, notam os investigadores, são sentidos não só pelos próprios como
por aqueles com quem eles se relacionam.
"Acredito que não podemos ser verdadeiramente humanos se não reconhecermos e expressarmos gratidão a todos aqueles de que a nossa vida
depende. A gratidão é a melhor abordagem à vida. Quando as coisas correm bem,
permite-nos celebrar esses momentos. Quando corre mal, permite nos pôr
a vida em perespectiva.
Contudo, sublinha Emmons, existe um paradoxo subjacente à gratidão: apesar de ser evidente que "faz
de nós pessoas felizes e saudáveis", a sua prática regular pode ser
tarefa árdua e dolorosa (digo eu CA, quando estamos a
deitar pérolas a porcos).
Se nuns dias surge com naturalidade, noutros pode assemelhar-se a uma carga
de trabalhos, “quando tudo o que queremos é afundarmos no sofá a ver televisão". Requer, por isso, "uma decisão consciente", esforço e, acima de tudo,
disciplina. Trata-se, no fundo de olhar constantemente para a vida como
"um presente" que nos é oferecido, apreciando e dando valor às coisas
agradáveis que ela nos proporciona. Ela responde claramente a uma necessidade
que está profundamente associada à condição humana: a necessidade de dar graças.
É um instinto básico, mas que é facilmente espezinhado numa sociedade
consumista.
Para escolher a gratidão é preciso tomar uma decisão consciente. Podemos
escolher ser gratos mesmo quando as nossas emoções estão turvas pela amargura e pelo ressentimento. Tudo o que é preciso é prática
e um esforço concentrado.
A gratidão exige disciplina.
(In Expresso)
domingo, 14 de outubro de 2012
O Ter e o Ser
O Novo Testamento continua o protesto do
Antigo Testamento contra a estrutura de existência baseada no ter. O seu protesto é ainda mais
radical do que tinha sido o dos judeus. O Antigo Testamento não era produto de
uma classe oprimida. Ele surgiu dos criadores de carneiros e camponeses independentes.
Um milénio mais tarde, os fariseus, os eruditos, cujo produto literário foi Talmude,
representavam a classe média, que engloba membros muito pobres e alguns muito
bem colocados. Ambos os grupos estavam imbuídos pelo espírito da justiça social,
a protecção dos pobres e o apoio aos desamparados, como viúvas e minorias
nacionais (gerim). Mas, no seu todo, não condenavam a riqueza como sendo
incompatível com o princípio de ser
(livro de Louis Finkelsteins sobre Os fariseus).
Os primeiros cristãos, pelo contrário,
foram principalmente um grupo de indivíduos pobres, socialmente menosprezados,
oprimidos e proscritos, que – com alguns profetas do Antigo Testamento –
criticaram severamente os ricos e poderosos, denunciando sem atenuantes. (Ver
The Dogma of Christ – O Dogma de Cristo.) Efectivamente, como afirmou Max
Weber, o Sermão da Montanha foi o grande discurso de rebelião de um escravo. O
tom dos primeiros cristãos era o da total Solidariedade humana, por vezes
expressa pela ideia de uma partilha comum espontânea de todos os bens materiais.
(A.F.Utz discute a posse comum dos primeiros cristãos e os primeiros exemplos
gregos, dos quais Lucas, tinha provavelmente conhecimento.)
Este espírito revolucionário do
cristianismo original surge com particular nitidez nas versões mais antigas dos
evangelhos, tal como eles foram conhecidos nas comunidades cristãs que ainda
não se tinham separado do judaísmo (estas versões mais antigas podem ser
reconstruídas da fonte comum de Mateus e Lucas e foi-lhe dada a designação «Q» (do
alemão quelle, «fonte») pelos especialistas da história do Antigo Testamento. O
trabalho fundamental existente neste domínio é o Siegried Shulz, que faz a
distinção entre a antiga e a recente tradição de «Q» 2
Aí encontramos como postulado central que
as pessoas se devem libertar de toda a avidez e ânsia de posse, afastando-se
totalmente da estrutura de ter, e que todas as normas positivas
têm a sua raiz nas éticas de ser, de Partilhar e na
Solidariedade. Esta postura ética é aplicada tanto à relação do indivíduo com
os outros como à sua relação com as coisas. A renúncia radical dos seus
próprios direitos (Mateus 5:39-42 Lucas 6:29s) assim como a determinação de
cada um amar os seus inimigos (Mateus 5:44-48 Lucas6:27s 32-36) é ainda
vincadamente de forma radical do que o «ama o teu inimigo» do Antigo
Testamento. Uma preocupação total com os outros seres humanos, a completa
rendição de todo o egoísmo, a norma de não julgar os outros (Mateus 7:1-5 Lucas
6:37,41 s) e dedicar-se inteiramente à compreensão e ao bem-estar do outro.
Ainda em relação às coisas, é exigida a
total renuncia à estrutura do
ter. A
comunidade mais antiga insistiu na renúncia radical à propriedade; previne
contra a acumulação de bens: «Não acumuleis tesouros na terra, onde a ferrugem
e a traça os corroem e s ladrões arrombam os muros, a fim de roubar. Pois onde
estiver o teu tesouro, aí estará o teu coração» (Mateus 6:19-21; Lucas 12:33s).
É dentro do mesmo espírito que Jesus diz: «Bem-aventurados vós, os pobres,
porque vosso é o Reino de Deus» (Lucas 6:20; Mateus 5.3). De facto, o
cristianismo original era uma comunidade de pobres e sofredores, com a firme e
apocalíptica convicção de que tinha chegado a hora de a ordem existente
desaparecer, de acordo com os planos de salvação de Deus.
(….) Após Constantino foi feita a
tentativa no sentido de substituir o papel mediador de Jesus pela igreja papal.
Por fim a igreja tornou-se o substituto – de facto, embora não em teoria – do
novo eós.
Há que levar o cristianismo original
mais a serio do que tem sido feito pelas maioria da pessoas a fim de que
possamos compreender, o que inacreditável radicalismo deste pequeno grupo que respondeu ao mundo de então apenas as suas convocações morais. A
maioria dos judeus, por seu turno, não pertencendo exclusivamente ao sector
mais pobre e oprimido da população, escolheu uma outra via. Recusando-se a
acreditar que uma nova ordem tinha começado e continuaram a esperar pelo
Messias, que viria quando a Humanidade (e não apenas os judeus) tivesse
atingindo o ponto onde o domínio da justiça, paz e amar pudessem ser
estabelecidos num sentido mais histórica do que escatológico.
A
jovem fonte «Q» tem origem num estádio mais avançado do desenvolvimento do
cristianismo primitivo. Aqui, também, encontramos o mesmo princípio e a história
da tentação de Jesus por Satanás expressa-a de forma sucinta. Nesta história, o
desejo ter as coisas, a ânsia do poder e
outras estruturas do ter, são condenadas. À primeira
tentação – transformar pedras em pão, expressando simbolicamente a ânsia das
coisas materiais – Jesus responde; «Está escrito: nem só do pão vive o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Mateus 4:4; Lucas 4;4). Em
seguida, Satanás tenta Cristo com a promessa de lhe dar plenos poderes sobre a
Natureza (mudando a lei da gravidade), e por fim, com o poder irrestrito, o
domínio de todos os Reinos da terra, e Jesus recusa (Mateus 4.5-10; Lucas
4.5-12). Rainer Funk chamou a minha atenção para o facto de a tentação ocorrer
no deserto assim o típico do Êxodo).
Jesus e Satanás surgem aqui como
representantes de dois princípios opostos. Satanás reflecte o assunto material
e o poder sobre a Natureza e o Homem: Jesus é o representante de ser e da ideia de que não ter é uma premissa para ser. O mundo segue os principios de
Satanás desde o tempo dos evangelhos. Contudo, nem mesmo a vitória desse
principio consegui destruir o desejo de realizar o pleno ser, expresso por Jesus, assim como
por outros grandes mestres que viveram antes e depois dele.
O rigor ético que rejeita a orientação
para o ter
encontra-se
igualmente nas ordens judaicas, tais como os Essénios e a ordem de onde são
originários os Manuscritos do mar Morto. Ao longo de toda a história de
cristianismo ela tem-se mantido nas ordens religiosas que se baseiam no voto de
pobreza e na rejeição da propriedade.
Outras manifestações dos conceitos radicais
dos padres que nesta matéria são também influenciados pelo pensamento
filosófico grego sobre a questão da propriedade privada versos propriedade publica. A falta de espaço não permite discutir
detalhadamente estes ensinamentos e menos ainda a literatura teológica e
sociológica sobre o assunto ainda que existam algumas diferenças para a visão
menos radical, à medida que a igreja se vai tornando uma instituição poderosa.
É inegável que os primeiros pensadores da
igreja partilharam a condenação do luxo e da avareza e manifestaram desprezo
pela riqueza em excesso (…)
In "O dinheiro e o sentido da vida" Jacob Needleman
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Inteligências.
Gostava de chamar atenção, quando se refere a espiritualidade, não é propriamente religião, mas alguém que a sua vida assenta em valores tais como, Solidariedade, Justiça, Verdade, Integridade e outros. CA
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José Régio
Soneto quase inédito
Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,
Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,
Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
JOSÉ RÉGIO Soneto escrito em 1969.
Tão actual em 1969, como hoje...
E depois ainda dizem que a tradição já não é o que era!!!
sábado, 6 de outubro de 2012
A saúde mental dos portugueses
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sexta-feira, 5 de outubro de 2012
A hipocrisia do amor ao povo
A Hipocrisia do Amor ao Povo. Estes amam o povo, mas não desejariam, por interesse do próprio amor, que
saísse do passo em que se encontra; deleitam-se com a ingenuidade da arte
popular, com o imperfeito pensamento, as superstições e as lendas; vêem-se
generosos e sensíveis quando se debruçam sobre a classe inferior e traduzem, na
linguagem adamada, o que dela julgam perceber; é muito interessante o animal
que examinam, mas que não tente o animal libertar-se da sua condição;
estragaria todo o quadro, toda a equilibrada posição; em nome da estética e de
tudo o resto convém que se mantenha.
Há também os que
adoram o povo e combatem por ele mas pouco mais o julgam do que um meio; a meta
a atingir é o domínio do mesmo povo por que parecem sacrificar-se; bate-lhes no
peito um coração de altos senhores; se vieram parar a este lado da batalha foi
porque os acidentes os repeliram das trincheiras opostas ou aqui viram maneira
mais segura de satisfazer o vão desejo de mandar; nestes não encontraremos a
frase preciosa, a afectada sensibilidade, o retoque literário; preferem o
estilo de barricada; mas, como nos outros, é o som do oco tambor retórico o
último que se ouve.
Só um grupo reduzido defende o povo e o deseja elevar sem ter por ele nenhuma espécie de paixão; em primeiro lugar, porque logo reprimiriam dentro em si todo o movimento que percebessem nascido de impulsos sentimentais; em segundo lugar, porque tal atitude os impediria de ver as soluções claras e justas que acima de tudo procuram alcançar; e, finalmente, porque lhes é impossível permanecer em êxtase diante do que é culturalmente pobre, artisticamente grosseiro, eivado dos muitos defeitos que trazem consigo a dependência e a miséria em que sempre o têm colocado os que mais o cantam, o admiram e o protegem.
Interessa-nos o povo porque nele se apresenta um feixe de problemas que solicitam a inteligência e a vontade; um problema de justiça económica, um problema de justiça política, um problema de equilíbrio social, um problema de ascensão à cultura, e de ascensão o mais rápida possível da massa enorme até hoje tão abandonada e desprezada; logo que eles se resolvam terminarão cuidados e interesses; como se apaga o cálculo que serviu para revelar um valor; temos por ideal construir e firmar o reino do bem; se houve benefício para o povo, só veio por acréscimo; não é essa, de modo algum, a nossa última tenção.
Agostinho da Silva, in 'Considerações'Tema(s): Povo
Só um grupo reduzido defende o povo e o deseja elevar sem ter por ele nenhuma espécie de paixão; em primeiro lugar, porque logo reprimiriam dentro em si todo o movimento que percebessem nascido de impulsos sentimentais; em segundo lugar, porque tal atitude os impediria de ver as soluções claras e justas que acima de tudo procuram alcançar; e, finalmente, porque lhes é impossível permanecer em êxtase diante do que é culturalmente pobre, artisticamente grosseiro, eivado dos muitos defeitos que trazem consigo a dependência e a miséria em que sempre o têm colocado os que mais o cantam, o admiram e o protegem.
Interessa-nos o povo porque nele se apresenta um feixe de problemas que solicitam a inteligência e a vontade; um problema de justiça económica, um problema de justiça política, um problema de equilíbrio social, um problema de ascensão à cultura, e de ascensão o mais rápida possível da massa enorme até hoje tão abandonada e desprezada; logo que eles se resolvam terminarão cuidados e interesses; como se apaga o cálculo que serviu para revelar um valor; temos por ideal construir e firmar o reino do bem; se houve benefício para o povo, só veio por acréscimo; não é essa, de modo algum, a nossa última tenção.
Agostinho da Silva, in 'Considerações'Tema(s): Povo
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Chico Mendes
Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido por Chico Mendes, foi seringueiro, activista brasileiro, que lutou e morreu pela preservação da Amazónia. Ainda criança, começou na profissão de seringueiro acompanhando seu pai nas incursões pela floresta, só aprendeu a ler aos 20 anos, na maioria dos seringais não haviam escolas, nem os proprietários tinham qualquer vontade de as criar.
Iniciou a vida de sindicalista no Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Participou activamente nas lutas dos seringueiros para impedir a destruição da floresta, os seringueiros protegiam as árvores com o seu próprio corpo. Organizou várias acções de luta em defesa da posse da terra pelos habitantes nativos.
Em 1977 recebeu as primeiras ameaças de morte, por parte dos fazendeiros.
Em 1979 foi preso e torturado.
Acusado de incitar posseiros à violência, foi julgado em tribunal militar, mas absolvido por falta de provas.
Liderou a 1º encontro nacional dos seringueiros, durante o qual foi criado o Conselho Nacional dos Seringueiros, CNS que se tornou a principal referência da classe, sob sua liderança a luta dos seringueiros pela preservação do seu modo de vida adquiriu grande reputação nacional e internacional. A proposta União dos Povos da Floresta em defesa da floresta amazónica busca unir os interesses dos indígenas, seringueiros, castanheiros, pequenos pescadores e populações ribeirinhas, através da criação de reservas extractivas, essas reservas preservam as áreas indígenas e a floresta. Alem de ser um instrumento de reforma agrária desejada pelos seringueiros.
Em 1987 Chico Mendes recebeu a visita de membros da ONU, em Xapuri, que puderam ver de perto a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros causada por projectos financiados por bancos internacionais, dois meses depois leva estas denúncias ao senado dos EUA e à reunião do banco financiador, os financiamentos desses projectos foram suspensos. Chico Mendes é acusado pelos fazendeiros e políticos locais de prejudicar o progresso (o habitual), alguns meses depois Mendes recebe vários prémios internacionais, destacando-se o Global 500, oferecido pela ONU, pela luta em defesa do ambiente.
Ameaçado de morte, Mendes percorre o Brasil participando em seminários, palestras e congressos, onde denuncia a acção predatória contra a floresta e as violações dos fazendeiros contra os trabalhadores da região.
Em 22 de Dezembro de 1988 aos 44 anos, Chico Mendes é assassinado em sua casa com vários tiros no peito, Chico tinha anunciado que seria morto, pediu protecção, mas as autoridades e a imprensa não deram qualquer importância.
Em 19989 o ex beatle Paul MacCartney, lança o disco Flowers In The Dirt, onde lhe dedica a canção How Many People.
Em 1989, Simone canta Louvor a Chico Mendes.
Em 1994 Warner Bros, lança “Amazónia em Chamas” Onde Raul Juliá, representa Chico Mendes.
Em 2007 uma mini serie da Globo apresenta Amazónia de Galver a Chico Mendes.
Em resultado da luta de Chico Mendes, o Brasil tinha em 2006, 43 reservas extractivas (RESEX) que abrangia 8, 6 milhões de hectares e abrigavam 40 mil famílias.
Em 1989 o Grupo Tortura Nunca Mais, uma ONG brasileira de direitos humanos, criou o prémio, Chico Mendes de Resistência, uma homenagem a todas as pessoas ou grupos que lutam pelos direitos humanos.
Cleptocracia mundial
Será que apanharam o pai da Isabelinha que quer ser rainha de Portugal,(D.Isabel llª)?E o partido deixou
É POR ISSO QUE A FILHA DE 36 ANOS DE IDADE QUASE QUE É DONA DE PORTUGAL !!!!
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segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Quem lucra com a crise
EXPLICA-ME COMO SE EU FOSSE MUITO, LEIGO NA MATÉRIA...
ENTÃO AÍ VAI:
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