Uma
sociedade que assenta suas bases na hipocrisia.
Fundamentos
essenciais da vida – qual é o sentido da vida?
“Porque
fingem todos ser o que não são? Qual é a psicologia por trás disso?”
Todos estão
condenados desde a infância. Seja o que for que fizer por si só, à sua vontade,
não é aceitável. As pessoas, o grupo em que a criança cresce, têm as suas
próprias ideias e ideais. A criança humana é o ser mais indefeso em todo o
reino animal. Quase todos os animais conseguem sobreviver sem o apoio dos pais
e do grupo, mas a criança humana não consegue sobreviver; morreria
imediatamente. É a criatura mais indefesa do mundo, tão vulnerável à morte, tão
delicada. Naturalmente, aqueles que detêm o poder são capazes de moldar a
criança da forma que querem. Por isso, todos se tornaram no que são, contra si
próprios. É esta a psicologia subjacente ao facto de todo a gente querer fingir
ser aquilo que não é.
Estão todos
num estado de esquizofrénico. Nunca foi permitido a alguém ser ele próprio, foi
forçado a ser outra pessoa com a qual a sua natureza não se consegue sentir
feliz.Então, à
medida que uma pessoa cresce e se torna independente, começa a fingir muitas
coisas que teria gostada que fizessem, na realidade, parte do seu ser.
Mas neste
mundo louco acabou por se distrair. Foi transformado noutra pessoa; não é
assim. Sabe disso. Toda a gente o sabe – ele foi forçado a tornar-se médico, a
tornar-se engenheiro, ele foi forçado a tornar-se político, a tornar-se
criminoso, a tornar-se mendigo.Há todo o
tipo de forças em redor.
Em Bombaim,
há pessoas cujo único negócio é roubar crianças e torna-las aleijadas, cegas ou
mancas e obriga-las a pedir esmola e a darem-lhes todo o dinheiro que ganham
todas as noites. Sim dão-lhes comida, dão-lhes um sítio onde ficar. São usadas
como mercadorias, não como seres humanos. Este é o extremo, mas aconteceu o
mesmo a toda a gente, em maior ou menor grau.
Ninguém está
á vontade consigo próprio.
Neste mundo,
há apenas uma felicidade, que é sermos nós próprios. E como ninguém é ele próprio,
todos tentam de alguma forma esconder-se atrás de máscaras, pretensões,
hipocrisias. Têm vergonha daquilo que são. Tornámos o mundo num mercado, não
num belo jardim para onde todos possam trazer as suas próprias flores.Estamos a
forçar margaridas a dar rosas- mas como podem as margaridas dar rosas?
Essas rosas
serão de plástico e no seu coração mais profundo as margaridas estarão a
chorar, com lágrimas, a sentirem vergonha porque “ Não tivemos coragem
suficiente para nos rebelarmos contra o grupo. Forçaram-nos a ser flores de
plástico e temos as nossas verdadeiras flores, para as quais flui a nossa seiva
- mas não conseguimos mostrar as nossas verdadeiras flores.”
Ensinam-lhe
tudo o resto, mas não lhe ensinam a ser quem é de verdade. Esta é forma mais feia
de sociedade possível, porque torna toda a gente infeliz.
Ser o que
não se quer, fazer alguma coisa que não se quer, é a raiz de todas as suas
infelicidades. E, por um lado, a sociedade conseguiu tornar toda a gente infeliz e,
por outro, a mesma sociedade espera que não mostre a sua infelicidade - pelo
menos não em público, não abertamente.
É um assunto privado,
seu.
E eles é que
o criaram! Na verdade é um assunto público, não privado.
O mesmo grupo
que criou todas as razões da sua infelicidade acaba por lhe dizer: “ a
sua infelicidade é consigo, portanto, quando sair, venha a sorrir. Não mostre a
sua cara infeliz aos outros” chamam a isto etiqueta, maneiras,
cultura.
Basicamente,
é hipocrisia.
A menos que uma pessoa decida: “ Quero ser eu
mesmo.
A qualquer
preço. Podem condenar-me, posso não ser aceite, posso perder respeitabilidade,
mas não faz mal porque não posso perder respeitabilidade, mas não faz mal
porque não posso continuar a fingir que sou outra pessoa…”
Esta decisão
e esta afirmação – esta afirmação de liberdade, liberdade do peso do grupo- faz
nascer o seu ser natural, a sua individualidade. Nessa ocasião, não precisa de
qualquer máscara. Pode limitar-se a ser o seu eu verdadeiro, exactamente como
é.
E no momento
em que consegue ser exactamente como é, há uma tremenda “paz que traz
entendimento”.
Osho
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