quinta-feira, 6 de setembro de 2012


Uma sociedade que assenta suas bases na hipocrisia.


 
Fundamentos essenciais da vida – qual é o sentido da vida?
“Porque fingem todos ser o que não são? Qual é a psicologia por trás disso?”
Todos estão condenados desde a infância. Seja o que for que fizer por si só, à sua vontade, não é aceitável. As pessoas, o grupo em que a criança cresce, têm as suas próprias ideias e ideais. A criança humana é o ser mais indefeso em todo o reino animal. Quase todos os animais conseguem sobreviver sem o apoio dos pais e do grupo, mas a criança humana não consegue sobreviver; morreria imediatamente. É a criatura mais indefesa do mundo, tão vulnerável à morte, tão delicada. Naturalmente, aqueles que detêm o poder são capazes de moldar a criança da forma que querem. Por isso, todos se tornaram no que são, contra si próprios. É esta a psicologia subjacente ao facto de todo a gente querer fingir ser aquilo que não é.

Estão todos num estado de esquizofrénico. Nunca foi permitido a alguém ser ele próprio, foi forçado a ser outra pessoa com a qual a sua natureza não se consegue sentir feliz.Então, à medida que uma pessoa cresce e se torna independente, começa a fingir muitas coisas que teria gostada que fizessem, na realidade, parte do seu ser.

Mas neste mundo louco acabou por se distrair. Foi transformado noutra pessoa; não é assim. Sabe disso. Toda a gente o sabe – ele foi forçado a tornar-se médico, a tornar-se engenheiro, ele foi forçado a tornar-se político, a tornar-se criminoso, a tornar-se mendigo.Há todo o tipo de forças em redor.

Em Bombaim, há pessoas cujo único negócio é roubar crianças e torna-las aleijadas, cegas ou mancas e obriga-las a pedir esmola e a darem-lhes todo o dinheiro que ganham todas as noites. Sim dão-lhes comida, dão-lhes um sítio onde ficar. São usadas como mercadorias, não como seres humanos. Este é o extremo, mas aconteceu o mesmo a toda a gente, em maior ou menor grau.
Ninguém está á vontade consigo próprio.

Neste mundo, há apenas uma felicidade, que é sermos nós próprios. E como ninguém é ele próprio, todos tentam de alguma forma esconder-se atrás de máscaras, pretensões, hipocrisias. Têm vergonha daquilo que são. Tornámos o mundo num mercado, não num belo jardim para onde todos possam trazer as suas próprias flores.Estamos a forçar margaridas a dar rosas- mas como podem as margaridas dar rosas?

Essas rosas serão de plástico e no seu coração mais profundo as margaridas estarão a chorar, com lágrimas, a sentirem vergonha porque “ Não tivemos coragem suficiente para nos rebelarmos contra o grupo. Forçaram-nos a ser flores de plástico e temos as nossas verdadeiras flores, para as quais flui a nossa seiva - mas não conseguimos mostrar as nossas verdadeiras flores.”
Ensinam-lhe tudo o resto, mas não lhe ensinam a ser quem é de verdade. Esta é forma mais feia de sociedade possível, porque torna toda a gente infeliz.
Ser o que não se quer, fazer alguma coisa que não se quer, é a raiz de todas as suas infelicidades. E, por um lado, a sociedade conseguiu tornar toda a gente infeliz e, por outro, a mesma sociedade espera que não mostre a sua infelicidade - pelo menos não em público, não abertamente.
É um assunto privado, seu.

E eles é que o criaram! Na verdade é um assunto público, não privado.
O mesmo grupo que criou todas as razões da sua infelicidade acaba por lhe dizer: “ a sua infelicidade é consigo, portanto, quando sair, venha a sorrir. Não mostre a sua cara infeliz aos outros” chamam a isto etiqueta, maneiras, cultura.

Basicamente, é hipocrisia.
 A menos que uma pessoa decida: “ Quero ser eu mesmo.
A qualquer preço. Podem condenar-me, posso não ser aceite, posso perder respeitabilidade, mas não faz mal porque não posso perder respeitabilidade, mas não faz mal porque não posso continuar a fingir que sou outra pessoa…”
Esta decisão e esta afirmação – esta afirmação de liberdade, liberdade do peso do grupo- faz nascer o seu ser natural, a sua individualidade. Nessa ocasião, não precisa de qualquer máscara. Pode limitar-se a ser o seu eu verdadeiro, exactamente como é.
E no momento em que consegue ser exactamente como é, há uma tremenda “paz que traz entendimento”.

Osho

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