quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O homem novo




                                    O homem novo

A função da nova sociedade é estimular o aparecimento de um Homem cuja estrutura de caracter apresente as seguintes qualidades:
·        Desejar abandonar todas as formas de ter para poder ser plenamente.
·        Terá a segurança, a noção de identidade e confiança assentes na convicção de que cada um é; estará consciente das suas necessidades, dos seus interesses, do amor e da solidariedade em relação ao mundo que o rodeia, em substituição do desejo de ter, possuir, controlar o mundo, tornando-se, portanto escravos das suas posses.
·        Aceitará o facto de nada nem ninguém, fora de nós próprios, dará sentido à nossa vida mas que a independência radical e o despojamento da avidez da posse das coisas, poderem tornar-se a condição necessária para uma pela atividade devotada ao afeto e á partilha.   Estará presente de corpo e alma onde quer que se encontre.

·        Terá a alegria que nasce da dádiva e do carinho e não da acumulação e da exploração dos outros. Sentirá amor e respeito pela vida, em todas a sua formas de manifestação e de conhecimento. Não pelas coisas e pelo poder, tudo isso estará morto. Apenas a vida será sagrada assim como tudo o que faz parte do seu crescimento. Tentará reduzir a avidez, o ódio, as ilusões, tanto quanto lhe for possível. Viverá sem venerar ídolos e sem ilusões, porque terá atingido um estádio em que elas já não serão necessárias.

·        Desenvolverá a capacidade de amar juntamente com a possibilidade de apreciar, de forma critica e não emocional, um pensamento.  Perderá o narcisismo, aceitando as limitações drásticas inerentes à sua existência humana. Fará do nosso crescimento total e do dos nossos semelhantes o objectivo supremo da vida.Saberá que a disciplina e o respeito pela realidade são absolutamente necessários para obtenção deste objectivo.

·        Saberá também que não é saudável qualquer crescimento que não ocorra ao nível da estrutura, mas reconhecerá a diferença entra a «estrutura» como atributo da vida e a «ordem» como atributo da não-vida, ou seja da morte. Desenvolverá a imaginação, não como fuga das situações insuportáveis, mas como antecipação de possibilidade reais, como um meio de afastar essas situações nocivas. Não desiludirá os outros, mas não se deixará igualmente desiludir por eles; poderão chamar-lhe inocente mas não ingénuo.

·        Conhecer-se-á a si próprio, não apenas ao nível do ego que lhe é familiar mas também do ego mais profundo, ainda que tendo uma noção algo vaga desses conhecimentos. Sentirá a unidade com a vida que só é possível quando se desiste de conquistar a Natureza, de a sujeitar, explorar e violara de forma destrutiva, optando por compreende-la e estabelecer com ela a cooperação.  Obterá a liberdade não arbitraria como possibilidade de ser ele próprio, não um feixe de desejos ávidos, mas uma estrutura equilibrada que a cada momento é confrontada com a alternativa do crescimento ou da quer da vida ou da morte.

·        Saberá que o mal e a destrutividade são necessárias consequências do fracasso do crescimento. Terá consciência de que só alguns atingiram a perfeição em todas estas qualidades, mas que não possuir a «ambição» de ter esse conhecimento como objectivo, é apenas mais um a forma de avidez do ter.Saberá que a felicidade, no processo de continuo crescimento de vida, seja qual for o ponto que o destino nos permitir atingir, a fim de viver tão plenamente quanto possível, é de  tal modo satisfatório que  a preocupação com o que poderíamos ou não ir a fazer, é uma questão que tem poucas hipóteses de se colocar.

Será necessário:
·       Resolver a questão de como manter o modo industrial de produção sem a sua centralização total, isto é sem terminar no fascismo à moda antiga ou, com maiores probabilidades ainda, «no fascismo de expressão sorridente». Aliar um planeamento de «economia livre de mercado», que se torne totalmente fictícia. Abandonar o objectivo de crescimento ilimitado, optando pelo crescimento selectivo para não correr o risco de catástrofe económica.
·        Criar condições de trabalho e um espirito generalizado em que as motivações efetivas não sejam apenas os estímulos materiais, mas outras satisfações de ordem psicológica.
·        Levar mais longe o progresso cientifico e, ao mesmo tempo. Evitar que ele se torne um perigo para a espécie humana através da sua utilização pratica.
·        Criar as condições necessárias para que, nas experiencia dos indivíduos, predomine o bem-estar e a alegria e não a satisfação dp máximo prazer.
·        Oferecer a todos um segurança básica que não os torne dependentes da máquina burocrática para o seu próprio sustento.
·        Renovar as possibilidades de iniciativa individual na vida diária, mais do que nos negócios (onde, aliás, elas já não existam)
·        (…)
Os projetos com objetivos gerais deste tipo, tais como «socialização dos meios de produção» acabaram por tornar-se referências socialistas e comunistas, camuflando a ausência do socialismo. As expressões «ditadura do proletariado» ou «uma elite intelectual» não são menos obscuras e enganosas do que o conceito de «economia de mercado» ou ainda o de nações «livres». Os primeiros socialistas e comunistas, entre eles Marx e Lenine, não tinham, planos concretos para uma sociedade socialista ou comunista; esta foi a grande fraqueza do socialismo.
(…)
(Erick From in Ter ou Ser.)



Sem comentários:

Enviar um comentário