sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Roubo da historia






 BPN - O maior escândalo financeiro da história de Portugal


BPN João Marcelino, diretor do D. N., Lx, considera que “é o maior escândalo financeiro da história de Portugal".

Isto é uma das maiores vergonhas de Portugal.
Tenho pena que os actuais dirigentes do PSD não se desmarquem das ovelhas negras que protagonizaram este roubo, e que nada façam para que a Justiça julgue e condene os responsáveis.
  
Quarta-feira, 21 de Março de 2012
BPN-A Maior Burla de Sempre em Portugal

Este número é demasiado grande para caber nos jornais (9.710.600.000,00€) !!!

https://encrypted-tbn2.google.com/images?q=tbn:ANd9GcQLfWtdTvGenWwXNQMMd7OOebBXWco9XTzibM8ftBAd-cr-HRQGzQ

Além disso, reparem bem, nos nomes dos protagonistas!!! Tudo “gente fina”, bem posicionada e intocáveis!!!

Parece anedota, mas é autêntico: dia 11 de abril do ano passado, um homem armado assaltou a dependência do Banco Português de Negócios, ou simplesmente BPN, na Portela de Sintra, arredores de Lisboa e levou 22 mil euros. Tratou-se de um assalto histórico: foi a primeira vez que o BPN foi assaltado por alguém que não fazia parte da administração do banco.

O BPN tem feito correr rios de tinta e ainda mais rios de dinheiro dos contribuintes.

Foi a maior burla de sempre em Portugal, qualquer coisa como
9.710.539.940,09 euros.

Com esses nove biliões e setecentos e dez milhões de euros, li algures, podiam-se comprar 48 aviões Airbus A380 (o maior avião comercial do mundo), 16 plantéis de futebol iguais ao do Real Madrid, construir 7 TGV de Lisboa a Gaia, 5 pontes sobre o Tejo ou distribuir 971 euros por cada um dos 10 milhões de portugueses residentes no território nacional (os 5 milhões que vivem no estrangeiro não seriam contemplados).

https://encrypted-tbn2.google.com/images?q=tbn:ANd9GcTaDKaSfdPdUuoZxv84JmfcefSOj6B_lr2KuisOZqTgUiG1XW1t

João Marcelino, diretor do Diário de Notícias, de Lisboa, considera que “é o maior escândalo financeiro da história de Portugal. Nunca antes houve um roubo desta dimensão, “tapado” por uma nacionalização que já custou 2.400 milhões de euros delapidados algures entre gestores de fortunas privadas em Gibraltar, empresas do Brasil, offshores de Porto Rico, um oportuno banco de Cabo Verde e a voracidade de uma parte da classe política portuguesa que se aproveitou desta vergonha criada por figuras importantes daquilo que foi o cavaquismo na sua fase executiva”.

O diretor do DN conclui afirmando que este escândalo “é o exemplo máximo da promiscuidade dos decisores políticos e económicos portugueses nos últimos 20 anos e o emblema maior deste terceiro auxílio financeiro internacional em 35 anos de democracia. Justifica plenamente a pergunta que muitos portugueses fazem: se isto é assim à vista de todos, o que não irá por aí?”

O BPN foi criado em 1993 com a fusão das sociedades financeiras Soserfin e Norcrédito e era pertença da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), que compreendia um universo de empresas transparentes e respeitando todos os requisitos legais, e mais de 90 nebulosas sociedades offshores sediadas em distantes paraísos fiscais como o BPN Cayman, que possibilitava fuga aos impostos e negociatas.

https://encrypted-tbn0.google.com/images?q=tbn:ANd9GcRz-kCXOwWELofp40293u-KK4clZPCM2WpMAEIm6pDvUvSUcMdP

O BPN tornou-se conhecido como banco do PSD, proporcionando "colocações" para ex-ministros e secretários de Estado sociais-democratas. O homem forte do banco era José de Oliveira e
Costa, que Cavaco Silva foi buscar em 1985 ao Banco de Portugal para ser secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e assumiu a presidência do BPN em 1998, depois de uma passagem pelo Banco Europeu de Investimentos e pelo Finibanco.

O braço direito de Oliveira e Costa era Manuel Dias Loureiro, ministro dos Assuntos Parlamentares e Administração Interna nos dois últimos governos de Cavaco Silva e que deve ser mesmo bom (até para fazer falcatruas é preciso talento!), entrou na política em 1992 com quarenta contos e agora tem mais de 400 milhões de euros.

Vêm depois os nomes de Daniel Sanches, outro ex-ministro da Administração Interna (no tempo de Santana Lopes) e que foi para o BPN pela mão de Dias Loureiro; de Rui Machete, presidente do Congresso do PSD e dos ex-ministros Amílcar Theias e Arlindo Carvalho.

https://encrypted-tbn0.google.com/images?q=tbn:ANd9GcRADUahWtbrhT7QShQ3fc9IsEEks2rIy7dQ22YeP54v036saZZz

Apesar desta constelação de bem pagos gestores, o BPN faliu. Em 2008, quando as coisas já cheiravam a esturro, Oliveira e Costa deixou a presidência alegando motivos de saúde, foi substituido por Miguel Cadilhe, ministro das Finanças do XI Governo de Cavaco Silva e que
denunciou os crimes financeiros cometidos pelas gestões anteriores.

O resto da história é mais ou menos conhecido e terminou com o colapso do BPN, sua posterior nacionalização e descoberta de um prejuízo de 1,8 mil milhões de euros, que os contribuintes tiveram que suportar.

Que aconteceu ao dinheiro do BPN? Foi aplicado em bons e em maus negócios, multiplicou-se em muitas operações “suspeitas” que geraram lucros e que Oliveira e Costa dividiu generosamente pelos seus homens de confiança em prémios, ordenados, comissões e empréstimos bancários.

Não seria o primeiro nem o último banco a falir, mas o governo de Sócrates decidiu intervir e o BPN passou a fazer parte da Caixa Geral de Depósitos, um banco estatal liderado por Faria de Oliveira, outro ex-ministro de Cavaco e membro da comissão de honra da sua recandidatura presidencial, lado a lado com Norberto Rosa, ex-secretário de estado de Cavaco e também hoje na CGD.

https://encrypted-tbn2.google.com/images?q=tbn:ANd9GcQ_nf9A-tfRXl-SrCyXH3I4qteR_Q4Q0yxNEWWTx9erTFCC4KIr9w


Outro social-democrata com ligações ao banco é Duarte Lima, ex-líder parlamentar do PSD, que se mantém em prisão preventiva por envolvimento fraudulento com o BPN e também está acusado pela polícia brasileira do assassinato de Rosalina Ribeiro, companheira e uma das
herdeiras do milionário Tomé Feteira. Em 2001 comprou a EMKA, uma das offshores do banco por três milhões de euros, tornando-se também accionista do BPN.

Em 31 de julho, o ministério das Finanças anunciou a venda do BPN, por 40 milhões de euros, ao BIC, banco angolano de Isabel dos Santos, filha do presidente José Eduardo dos Santos, e de Américo Amorim, que tinha sido o primeiro grande accionista do BPN.

O BIC é dirigido por Mira Amaral, que foi ministro nos três governos liderados por Cavaco Silva e é o mais famoso pensionista de Portugal devido à reforma de 18.156 euros por mês que recebe desde 2004, aos 56 anos, apenas por 18 meses como administrador da CGD.

https://encrypted-tbn0.google.com/images?q=tbn:ANd9GcSe8EcUQ2Y21_K9w4HQxfuMUqV1tF72MRePjbUkTy3CUiPRPV8gXA

O Estado português queria inicialmente 180 milhões de euros pelo BPN, mas o BIC acaba por pagar 40 milhões (menos que a cláusula de rescisão de qualquer craque da bola) e os contribuintes portugueses vão meter ainda mais 550 milhões de euros no banco, além dos 2,4 mil milhões que já lá foram enterrados. O governo suportará também os encargos dos despedimentos de mais de metade dos actuais 1.580 trabalhadores (20 milhões de euros).

As relações de Cavaco Silva com antigos dirigentes do BPN foram muito criticadas pelos seus oponentes durante a última campanha das eleições presidenciais. Cavaco Silva defendeu-se dizendo que apenas tinha sido primeiro-ministro de um governo de que faziam parte alguns dos
envolvidos neste escândalo. Mas os responsáveis pela maior fraude de sempre em Portugal não foram apenas colaboradores políticos do presidente, tiveram também negócios com ele.

Cavaco Silva também beneficiou da especulativa e usurária burla que levou o BPN à falência.

Em 2001, ele e a filha compraram (a 1 euro por acção, preço feito por Oliveira e Costa) 255.018 acções da SLN, o grupo detentor do BPN e, em 2003, venderam as acções com um lucro de 140%, mais de 350 mil euros.

Por outro lado, Cavaco Silva possui uma casa de férias na Aldeia da Coelha, Albufeira, onde é vizinho de Oliveira e Costa e alguns dos administradores que afundaram o BPN. O valor patrimonial da vivenda é de apenas 199. 469,69 euros e resultou de uma permuta efectuada em
1999 com uma empresa de construção civil de Fernando Fantasia, accionista do BPN e também seu vizinho no aldeamento. 

Para alguns portugueses são muitas coincidências e alguns mais divertidos consideram que Oliveira e Costa deve ser mesmo bom economista(!!!): Num ano fez as acções de Cavaco e da filha quase triplicarem de valor e, como tal, poderá ser o ministro das Finanças (!!??) certo para salvar Portugal na actual crise económica. Quem sabe, talvez Oliveira e Costa ainda venha a ser condecorado em vez de ir parar à prisão....ah,ah,ah.

O julgamento do caso BPN já começou, mas os jornais pouco têm falado nisso. Há 15 arguidos, acusados dos crimes de burla qualificada, falsificação de documentos e fraude fiscal, mas nem sequer se sentam no banco dos réus.

Os acusados pediram dispensa de estarem presentes em tribunal e o Ministério Público deferiu os pedidos. Se tivessem roubado 900 euros, o mais certo era estarem atrás das grades, deram descaminho a nove biliões e é um problema político.

Nos EUA, Bernard Madoff, autor de uma fraude de 65 biliões de dólares, já está a cumprir 150 anos de prisão, mas os 15 responsáveis pela falência do BPN estão a ser julgados por juízes "condescendentes", vão apanhar talvez pena suspensa e ficam com o produto do roubo, já que
puseram todos os bens em nome dos filhos e netos ou pertencentes a empresas sediadas em paraísos fiscais.

Oliveira e Costa colocou as suas propriedades e contas bancárias em nome da mulher, de quem entretanto se divorciou após 42 anos de casamento. Se estivéssemos nos EUA, provavelmente a senhora teria de devolver o dinheiro que o marido ganhou em operações ilegais, mas no Portugal dos brandos costumes talvez isso não aconteça. 

Dias Loureiro também não tem bens em seu nome. Tem uma fortuna de 400 milhões de euros e o valor máximo das suas contas bancárias são apenas cinco mil euros.

Não há dúvida que os protagonistas da fraude do BPN foram meticulosos, preveniram eventuais consequências e seguiram a regra de Brecht: “Melhor do que roubar um banco é fundar um”.

Urgente





1. Reduzir as mordomias (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores,
suportes burocráticos respectivos, carros
 atestados, motoristas, etc.) dos
ex-Presidentes da República.


2. Redução do número de deputados da Assembleia da República para 80,
profissionalizando-os como nos países a sério. Reforma das mordomias na
Assembleia da República, como almoços opíparos, com digestivos e outras
libações, tudo à custa do pagode.


3. Acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não
servem para nada e, têm funcionários e administradores com 2º e 3º emprego.


4. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir
milhares de euro/mês e que não servem para nada, antes, acumulam funções
nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respectivo.


5. Por exemplo as empresas de estacionamento não são verificadas porquê? E
os aparelhos não são verificados porquê? É como um táxi, se uns têm de
cumprir porque não cumprem os outros? e se não são verificados como podem
ser auditados*?


6. Redução drástica das Câmaras Municipais e Assembleias Municipais, numa
reconversão mais feroz que a da Reforma do Mouzinho da Silveira, em 1821.


7. Redução drástica das Juntas de Freguesia. Acabar com o pagamento de 200
euros por presença de cada pessoa nas reuniões das Câmaras e 75 euros nas
Juntas de Freguesia.


8. Acabar com o Financiamento aos partidos, que devem viver da quotização
dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem, para conseguirem
verbas para as suas actividades.


9. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc, das
Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em digressões particulares pelo
País;.


10. Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia, com o agravamento das
horas extraordinárias... para servir suas excelências, filhos e famílias e
até, os filhos das amantes...


11. Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado e
entes públicos menores, mas maiores nos dispêndios públicos.


12. Colocar chapas de identificação em todos os c arros do Estado. Não
permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular tal
como levar e trazer familiares e filhos, às escolas, ir ao mercado a
compras, etc.


13. Acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira e
respectivas estadias em Lisboa em hotéis de cinco estrelas pagos pelos
contribuintes que vivem em tugúrios inabitáveis.


14. Controlar o pessoal da Função Pública (todos os funcionários pagos por
nós) que nunca está no local de trabalho. Então em Lisboa é o regabofe
total. HÁ QUADROS (directores gerais e outros) QUE, EM VEZ DE ESTAREM NO
SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS DE ADVOGADOS A CUIDAR
DOS SEUS INTERESSES, QUE NÃO NOS DÁ COISA PÚBLICA.


15. Acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicosque
servem para garantir tachos aos apaniguados do poder - há hospitais de
província com mais administradores que pessoal administrativo. Só o de
PENAFIEL TEM SETE ADMINISTRADORES PRINCIPESCAMENTE PAGOS... pertencentes ás
oligarquias locais do partido no poder.


16. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos, pagos sempre
aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo,
no âmbito de um tráfico de influências que há que criminalizar, autuar,
julgar e condenar.


17. Acabar com as várias reformas por pessoa, de entre o pessoal do Estado
e> entidades privadas, que passaram fugazmente pelo Estado.


18. Pedir o pagamento dos milhões dos empréstimos dos contribuintes ao BPN
e BPP.


19. Perseguir os milhões desviados por Rendeiros, Loureiros e Quejandos,
onde quer que estejam e por aí fora.


20. Acabar com os salários milionários da RTP e os milhões que a mesma
recebe todos os anos.


21. Acabar com os lugares de amigos e de partidos na RTP que custam milhões
ao erário público.


22. Acabar com os ordenados de milionários da TAP, com milhares de
funcionários e empresas fantasmas que cobram milhares e que pertencem a
quadros do Partido Único (PS + PSD).


23. Acabar com o regabofe da pantomina das PPP (Parcerias Público Privado),
que mais não são do que formas habilidosas de uns poucos patifes se
locupletarem com fortunas à custa dos papalvos dos contribuintes, fugindo
ao controle seja de que organismo independente for e fazendo a "obra" pelo
preço que "entendem".


24. Criminalizar, imediatamente, o enriquecimento ilícito, perseguindo,
confiscando e punindo os biltres que fizeram fortunas e adquiriram
patrimónios de forma indevida e à custa do País, manipulando e aumentando
preços de empreitadas públicas, desviando dinheiros segundo esquemas
pretensamente "legais", sem controlo, e vivendo à tripa forra à custa dos
dinheiros que deveriam servir para o progresso do país e para a assistência
aos que efectivamente dela precisam;


25. Controlar rigorosamente toda a actividade bancária por forma a que,
daqui a mais uns anitos, não tenhamos que estar, novamente, a pagar "outra
crise".


26. Não deixar um único malfeitor de colarinho branco impune, fazendo com
que paguem efectivamente pelos seus crimes, adaptando o nosso sistema de
justiça a padrões civilizados, onde as escutas VALEM e os crimes não
prescrevem com leis à pressa, feitas à medida.


27. Impedir os que foram ministros de virem a ser gestores de empresas que
tenham beneficiado de fundos públicos ou de adjudicações decididas pelos
ditos.


28. Fazer um levantamento geral e minucioso de todos os que ocuparam cargos
políticos, central e local, de forma a saber qual o seu património antes e
depois.

29. Pôr os Bancos a pagar impostos.
 

Tudo bons rapazes



  
Agora sol na rua a fim de me melhorar a disposição, me reconciliar com a vida.

Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda compramos coisas, que injusto tanta queixa, tanto lamento.

Isto é internacional, meu caro, internacional e nós, estúpidos, culpamos logo os governos.

Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça. Eles a trabalharem para nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal agradecidos, protestamos.

 
Deixam de ser ministros e a sua vida um horror, suportado em estoico silêncio. Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o senhor Dias Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados. Não há um único que não esteja na franja da miséria. Um único. Mais aqueles rapazes generosos, que, não sendo ministros, deram o litro pelo País e só por orgulho não estendem a mão à caridade.

O senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, que isto da bondade as vezes é hereditário, dúzias deles.

Tenham o sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns sacrificados, uns Cristos, que pecado feio, a ingratidão.

O senhor Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O senhor Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros. E nós, por pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a
meter os beneméritos em tribunal.
Pelo menos nesse ponto, vá lá, sobra-nos um resto de humanidade, de respeito.

Um pozinho de consideração por almas eleitas, que Deus acolherá decerto, com especial ternura, na amplidão imensa do Seu seio. 

Já o estou a ver:
- Senta-te aqui ao meu lado ó Loureiro
- Senta-te aqui ao meu lado ó Duarte Lima
- Senta-te aqui ao meu lado ó Azevedo
que é o mínimo que se pode fazer por esses Padres Américos, pela nossa interminável lista de bem-aventurados, banqueiros, coitadinhos, gestores que o céu lhes dê saúde e boa sorte e demais penitentes de coração puro, espíritos de eleição, seguidores escrupulosos do Evangelho. E com a bandeirinha nacional na lapela, os patriotas, e com a arraia miúda no coração. E melhoram-nos obrigando-nos a sacrifícios purificadores, aproximando-nos dos banquetes de bem-aventuranças da Eternidade.

 
As empresas fecham, os desempregados aumentam, os impostos crescem, penhoram casas, automóveis, o ar que respiramos e a maltosa incapaz de enxergar a capacidade purificadora destas medidas. Reformas ridículas, ordenados mínimos irrisórios, subsídios de cacaracá? Talvez. Mas passaremos sem  dificuldade o buraco da agulha enquanto os Loureiros todos abdicam, por amor ao próximo, de uma Eternidade feliz. A transcendência deste acto dá-me vontade de ajoelhar à sua frente. Dá-me vontade? 
 Ajoelho à sua frente  indigno de lhes desapertar as correias dos sapatos. 
Vale e Azevedo para os Jerónimos, já!
Loureiro para o Panteão já!
Jorge Coelho para o Mosteiro de Alcobaça, já!
Sócrates para a Torre de Belém, já! A Torre de Belém não, que é tão feia. Para a Batalha.

 
Fora com o Soldado Desconhecido, o Gama, o Herculano, as criaturas de pacotilha com que os livros de História nos enganaram.
Que o Dia de Camões passe a chamar-se Dia de Armando Vara. 

Haja sentido das proporções, haja espírito de medida, haja respeito.
Estátuas equestres para todos, veneração nacional. Esta mania tacanha de perseguir o senhor Oliveira e Costa: libertem-no. 

Esta pouca vergonha contra os poucos que estão presos, os quase nenhuns que estão presos como provou o senhor Vale e Azevedo, como provou o senhor
Carlos Cruz, hedionda perseguição pessoal com fins inconfessáveis.

Admitam-no. E voltem a pôr o senhor Dias Loureiro no
Conselho de Estado, de onde o obrigaram, por maldade e inveja, a sair.
Quero o senhor Mexia no Terreiro do Paço, no lugar D. José que, aliás, era um pateta. 

Quero outro mártir qualquer, tanto faz, no lugar do
Marquês de Pombal, esse tirano. Acabem com a pouca vergonha dos Sindicatos. Acabem com as manifestações, as greves, os protestos, por favor deixem de pecar.

Como pedia o doutor João das Regras, olhai, olhai bem, mas vêde. E tereis mais fominha e, em consequência, mais Paraíso. Agradeçam este solzinho.

Agradeçam a Linha Branca.

Agradeçam a sopa e a peçazita de fruta do jantar.

Abaixo o Bem-Estar.
Vocês falam em crise mas as actrizes das telenovelas continuam a aumentar o peito: onde é que está a crise, então? Não gostam de olhar aquelas generosas abundâncias que uns violadores de sepulturas, com a
alcunha de cirurgiões plásticos, vos oferecem ao olhinho guloso? Não comem carne mas podem comer lábios da grossura de bifes do lombo
 e transformar as caras das mulheres em tenebrosas máscaras de Carnaval.
Para isso já há dinheiro, não é? E vocês a queixarem-se sem vergonha, e vocês cartazes, cortejos, berros. Proíbam-se os lamentos injustos.

Não se vendem livros? Mentira. O senhor Rodrigo dos Santos vende e, enquanto vender o nível da nossa cultura ultrapassa, sem dificuldade, a Academia Francesa.
Que queremos? Temos peitos, lábios, literatura e os ministros e os ex-ministros a tomarem conta disto.
Sinceramente, sejamos justos, a que mais se pode aspirar?

O resto são coisas insignificantes: desemprego, preços a dispararem, não haver com que pagar ao médico e à farmácia, ninharias. Como é que ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem? Da mesma forma
que os processos importantes em tribunal a indignação há-de, fatalmente, de prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de litro e beijando-nos uns aos outros com os bifes das bocas seremos,
como é nossa obrigação, felizes.

(crónica satírica de António Lobo Antunes, in Visão Abril 2012)


 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Imaginem



Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados.
Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.
Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento.
Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas.

Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta.

Imaginem que só eram usados em funções do Estado.

Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público.

Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar.
Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês.

Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha.

Imaginem que o faziam por consciência.

Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas.

Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares.

Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.

Imaginem remédios dez por cento mais baratos.

Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde.

Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros.

Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada.

Imaginem as pensões que se podiam actualizar.
Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.
Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal.
Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir emdez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.

Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.

Imaginem que país podia ser se o fizéssemos.
Imaginem que país será se não o fizermos...... Enviem a todos os vossos amigos.

Pode ser que se crie uma corrente de indignação e desencadeie uma petição à AR!!

sábado, 22 de setembro de 2012

A arte de amar


                 A ARTE DE AMAR
Será o amor uma arte? Se o for, então exige conhecimentos e esforço. Ou será o amor é uma sensação agradável, que por acaso experimentamos, algo que “nos acontece” se tivemos sorte? Partamos do princípio que parte da primeira premissa, embora não haja duvida que a maioria das pessoas hoje em dia acredita nesta última.
Não é que as pessoas pensem que o amor não é importante. Elas estão sequiosas de amor; veem inúmeros filmes sobre histórias de amor felizes e infelizes, ouvem centenas de canções ”lamechas” sobre amor – e contudo quase ninguém acredita que é preciso aprender seja o que for sobre o amor.
Esta estranha atitude baseia-se em diversas premissas que, isoladas ou em conjunto, tendem a confirma-la. A maioria das pessoas encara o problema do amor como uma questão de se ser amado, e não de amar, da capacidade de amar. Daí que, para elas, o problema consinta em como ser amado, como ser amável. Para atingir este objetivo seguem diversos caminhos. Um deles, que é utilizado sobretudo por homens, é ter sucesso, ser tão poderoso e rico quanto o permite os limites sociais do seu estrato. Outro, usado sobretudo por mulheres, é tornar-se atraente, cultivando o corpo, o vestuário, etc.. Outros meios de se tornar atraente, e que é usado tanto por homens como por mulheres, são o cultivo de boas maneiras e conversas interessantes, o ser útil, modesto e inofensivo. Muitos dos meios usados para se ter sucesso, para” fazer amigos e influenciar pessoas”. Na verdade, o que a maior parte das pessoas da nossa cultura entende como ser amável é uma mistura de ser popular e ser atraente.
Uma segunda premissa por trás da atitude que defende que não há nada aprender sobre o amor é a suposição que o problema do amor é o problema de um objeto, e não o problema de uma faculdade. As pessoas que amar é simples, mas que encontrar o objeto do amor certo – ou ser amado pela pessoa certa – é o mais difícil. Esta atitude tem diversas razões, que estão enraizadas no desenvolvimento da sociedade moderna. Uma das razões é a grande mudança que teve lugar no seculo xx em relação à do “objeto amor”. Na época vitoriana, como em muitas culturas tradicionais, o amor era raramente visto como uma experiencia pessoal espontânea que poderia, posteriormente, conduzir ao casamento. O casamento era regulado pela convenção – quer pelas famílias de cada um, quer por um casamenteiro, ou mesmo com a ajuda de qualquer intermediário; era resolvido tendo em conta questões sociais, e o amor era suposto desenvolver-se quando o casamento estivesse consumado.
 Para as gerações mais recentes, o conceito de amor romântico tornou-se, no Ocidente, quase universal. Nos Estados Unidos, embora as preocupações sociais não tenham desaparecido totalmente, as pessoas estão, na sua maioria, à procura do “amor romântico”, da experiencia pessoal de amor que conduz ao casamento. Este novo conceito de liberdade no amor deve ter contribuído para o aumento da importância do objeto do amor em relação à sua função.
Intimamente relacionada com este fator está outra característica da cultura contemporânea. Toda a nossa cultura se baseia no apetite pelo consumo, na ideia de um comércio mutuamente favorável. A felicidade do homem moderno consiste no encanto de olhar para as montras, e de comprar tudo o que possa, a pronto ou aprestações. E ele olha para as pessoas de um modo semelhante. Para um homem, uma mulher atraente (e para uma mulher, um homem atraente) é um premio a conquistar. “Atraente” normalmente significa alguém que possui um conjunto apreciável de qualidade que são populares e estão em alta no mercado da personalidade. O que torna uma pessoa especificamente atraente, tanto física como mentalmente depende da moda da época. Nos anos 20, uma mulher que fumasse e bebesse, que fosse ao mesmo tempos dura e sensual, era considerada atraente; hoje em dia a moda exige mais domesticidade e mais pudor.
No final do seculo XIX e o início do seculo XX um homem tinha de ser agressivo e ambicioso, enquanto hoje em dia tem que ser sociável e tolerante, para ser considerado um “produto” atraente. De qualquer modo, a paixão desenvolve-se normalmente apenas em relação aos produtos humanos que estão ao nosso alcance comercial. Se eu quiser fazer negocio, o objetivo deve ser desejável do ponto de vista do seu valor social, e ao mesmo tempo deve desejar-me a mim, tendo em conta as minhas qualidade e potencialidades, visíveis e ocultas. Assim sendo, duas pessoas apaixonam-se quando sentem que descobriram o melhor produto disponível no mercado, tendo em conta as limitações do seu próprio valor comercial. Tal como acontece na compra de imoveis, são muitas vezes as potencialidades ocultas a ser desenvolvidas que têm um grande peso neste negócio. Numa cultura na qual prevalece uma orientação comercial, e na qual o sucesso que as relações amorosas sigam os mesmo padrões que regem o mercado comercial e o mercado de trabalho.
O terceiro erro que nos leva a presumir que não há nada a aprender sobre o amor tem a ver com o facto de se confundir experiencia inicial de se apaixonar com o estado permanente de estar apaixonado. Quando duas pessoas que não se conheciam – e no fundo todos somos desconhecidos – de repente deixam abater a barreira que os separava e se sente próximos, se sentem como se fossem um só, este momento de unidade é uma das experiencias mais deliciosas e mais excitantes que existe. E é muito mais espantoso e miraculosas param aqueles que tenham estado à parte isolados, sem amor. O milagre da intimidade súbita é muitas vezes facilitada se tiver inicia e for combinado com a atração e a consumação sexual. Contudo este tipo de amor é, pela própria natureza, pouco duradouro.
As duas pessoas começam a conhecer-se bem e a sua intimidade perde cada vez mais o seu caracter miraculoso, até que os antagonismos, as desilusões e o tédio naturalmente acabam com o pouco que resta da excitação inicial. Mas no princípio no princípio elas não sabem disto; na verdade, tomam a intensidade da paixão, este estar “louco” pelo outro, como prova da intensidade do seu amor, quando pode ser uma prova da solidão em que antes viviam.
Esta atitude de que nada é mais fácil do que amar tem continuado a ser a mais comum em relação ao amor, apesar de haver muitas provas do contrário. Há poucas atividades ou empreendimentos que comecem com esperanças e expectativas tão elevadas e que fracassem tão frequentemente como o amor. Se isto se passasse com qualquer outra atividades pessoas estariam ansiosas por descobrir as razões do fracasso e por aprender a fazer melhor – ou, então desistir da atividade. Já que esta ultima alternativa é impossível no caso do amor, parece que só há uma maneira de ultrapassar o fracasso do amor – analisar as razões deste fracasso e estudar o significado do amor.
O primeiro passo a dar é ter consciência de que o amor é uma arte, tal como a vida é uma arte; se queremos aprender a amar temos de fazer o que faríamos se quiséssemos aprender qualquer arte, Como a música, a pintura, a carpintaria, ou a arte da medicina e da engenharia. Que medidas são necessárias para aprender uma arte? O processo de aprender uma arte pode ser dividido convenientemente em duas partes: uma, o domínio da teoria, e a outra, o domínio da prática. Se quero aprender a arte da medicina, devo primeiro conhecer os factos sobre o corpo humano e sobre as diversas doenças. Ter todo este conhecimento teórico não significa que eu seja competente na arte da medicina. Só serei um mestre desta arte depois de muita prática, até que os resultados do meu conhecimento teórico e os resultados da minha prática se transformem em uma só coisa – em intuição, a essência da mestria de qualquer arte. Mas, para além de apender a teoria e a prática, é preciso um terceiro elemento para se ser um mestre em qualquer arte- à mestria da arte deve ser o mais elevado dos objetivos, e nada no mundo pode ser mais importante do que a arte. Isto é verdade para a música, para a medicina, para a carpintaria – e para o amor. E talvez esteja aqui a resposta para a questão de saber porque é que as pessoas na nossa cultura estão tão pouco interessados em a prender esta arte, apresar dos fracassos óbvios. Apesar de uma profunda carência de amor, considera-se que quase tudo é mais importante do que o amor: o sucesso, o prestígio, o dinheiro, o poder – quase toda a nossa energia é utilizada a aprender atingir esses objetivos, e quase nenhuma é utilizada a aprender a arte de amar.
Será que apenas se considera importante aprender aquilo que nos permitirá ganhar dinheiro ou prestigio, e que o amor, que só tem “valor” para a alma, mas que, no sentido moderno, não tem valor, é considerado um luxo com o qual não temos direito de gastar muita energia?

Erich Fromm

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

"Superioridade moral"

                                   "Superioridade moral"

Tenho vários bolgs, uns com pinturas minhas e este, com artigos meus ou que retiro das minhas leituras. Os meus blogs de pinturas chegaram a ter mais de duas mil visualizações num só mês, oriundas de varias partes do globo e em grande parte da Rússia.

Depois de ter colocado o texto o "O Homem Novo", desde esse dia as visualizações da Rússia desapareceram como por artes magicas. Provavelmente pela eliminação de todos os meus blogs.

Numa escola foi levada à pratica uma experiência, fazendo desta, uma "prisão", onde colocaram os alunos que eram considerados moralmente superiores, como guardas, os outros como prisioneiros. Passado algum tempo, os "guardas" exerciam actos de crueldade sobre os "prisioneiros" tais como, os obrigar a lavar as sanitas sem luvas, obrigando a simular sexo anal entres "prisioneiros", etc. O que levou a terminar com a experiência, e os responsáveis sem saber como explicar o sucedido.

Os cristãos torturaram e queimaram pessoas vivas, porque se achavam moralmente superiores. Idem, com Hitler que  entre muitas barbaridades, exterminou cinco milhões de judeus. A superioridade moral de Stalin levou  criação dos Golaks para os inimigos do povo.  Onde prisioneiras/os e os filhos, muitas vezes feitos através de violações. Tinham o estatutos de escravos, e outras desumanidades e tinham de saudar, o facto de o camarada ser piedoso e os deixar viver, nas condições mais desumanas.

Poderia estar aquilo longas horas escrevendo sobre a dita superioridade moral, que afinal, não passa de uma grande pequenez e uma inferioridade moral de meter medo.

O poder corrompe e todo o poder se acha com superioridade moral. Só somos livres quando nos livrar-mos  de todo tipo de paixões, quaisquer que elas sejam,  Ídolos, Mitos ou Deuses.


PS:  Coincidência ou não. o meu Facebook que constava nos blogs, também foi apagado.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

PROTESTO HUMANÍSTICO


Protesto humanístico


Marx, tal como Maimonides e constatando com outros ensinamentos cristãos e judaicos – não tem como postulado uma solução escatológica; a discrepância entre o Homem e a Natureza mante-se, mas o domínio da necessidade, tanto quanto possível, é controlado pelos Homens: «Mas continua sempre a substituir o domínio da necessidade» O objetivo é «esse desenvolvimento do poder do Homem que é um fim em si mesmo, o verdadeiro reino da liberdade». A perspetival de Maimonides de que « a preocupação de todo o mundo será a de conhecer o Senhor» corresponde em Marx ao desenvolvimento do poder humano como finalidade».

Ter e Ser como duas formas diferentes de exigência encontram-se no centro das ideias de Marx sobre a emergência no novo Homem. Com eles Marx passa dos conceitos económicos para os psicológicos, que são, como vimos da discussão sobre o Antigo e o Novo Testamentos e em Eckhart, ao mesmo tempo conceitos «religiosos» fundamentais. Marx escreveu. «A propriedade privada tornou-nos tão estúpidos e parciais que só sentimos um objetivo como nosso quando o temos, quando ele existe para nós sob a forma de um capital ou quando o comemos, bebemos, gastamos, abitamos, em resumo, quando de algum modo o utilizamos. Portanto, todos os sentidos físicos e intelectuais foram substituídos através da alienação de todos eles ao TER. Foi necessário que o ser humano se visse reduzido a esta pobreza absoluta para ser capaz de gerar todo o bem-estar interior» (no conceito de ter ver Hess em Einundzwanzig Bogen).

O conceito de Marx sobre o TER e o SER está sintetizado nesta frase. «Quanto menos fores e quando menos expressares a tua vida – mais terás e maior será a tua vida alienada. Tudo aquilo que o economista te retirar em vida e em humanidade, é-te restituído sobre forma de dinheiro e bem-estar.»
O «sentido de posse» a que Marx aqui se refere é precisamente Ao mesmo «ego ilimitado» de que nos fala Eckhart, o apego ás coisas a ao próprio ego. Marx refere-se ao modo de ter existência mas não o faz em relação à posse como tal, nem à propriedade inalienada. O objetivo não é o luxo e o bem-estar como não é a pobreza; com efeito ambos (luxo e pobreza) constituem vícios para Marx. A carência total é a condição necessária para o bem-estar interior de cada um.

Em que consiste, afinal este ato de gerar? É a exposição ativa e não alienada da nossa capacidade em relação aos nossos objetivos. Marx continua: «todas as relações humanas como o mundo – Ver, ouvir, cheirar, provar, trocar, observar, sentir, desejar, agir, amar – em resumo, todos os agentes da sua individualidade são, na sua Acão objetiva (a sua Acão em relação aos objetivos) a apropriação do objetivo em si, da sua realidade humana.» Esta é a forma de apropriação do modo ser, não a do modo ter. Marx expressou esta forma de atividade não alienada na seguinte passagem.

Assumamos que o homem é o homem, e que a sua relação com o mundo é humana, que o maior pode apenas ser trocado por amor, a confiança por confiança, etc. Se quisermos apreciar arte, termos de ter uma cultura artística, se pretendermos influenciar outra pessoa, teremos de possuir capacidade de a estimular e de produzir nela um efeito encorajador, cada tipo de relação do homem com o homem ou com a Natureza terá de ter um a expressão especifica que corresponda ao objetivo do seu desejo, da sua vida individual autentica. E amarmos sem evocar o amor em troca, por exemplo, se não formos capazes de, através da manifestação do nosso amor, nos tornarmos uma pessoa amada, então o nosso amor é impotente e só nos fará sofrer.

Mas as ideias de Marx depressa foram pervertidas, talvez porque ele viveu com cem anos de avanço em relação ao nosso tempo. Tanto que ele e Engels consideraram que o capitalismo tinha atingido o limite da suas possibilidades e, portanto, que estava à beira da revolução. Mas estavam complemente enganados, como Engels viria a formar após a morte de Marx. Eles tinham transmitido os seus ensinamentos mesmo no auge do desenvolvimento capitalista e não previram que iriam ser necessários mais do que cem anos até ao declínio do capitalismo e até que a sua crise se iniciasse. Foi uma necessidade histórica que o conceito anticapitalista, propagado no ponto mais alto do capitalismo. Fosse ele completamente desvirtuado se é que este pretendia ter algum sucesso. E foi precisamente o que aconteceu.

 Os social-democratas do ocidente e os seus fortes oponentes comunistas, dentro e fora da união soviética, transformaram o socialismo num conceito meramente economicista, cujo objetivo era o máximo consumo, a máxima utilização das maquinas, khruschev, com o se conceito Goulash,  e o seu modo simplório, deixou que  a verdade viesse à superfície: o objetivo do socialismo era dar a toda a população o mesmo prazer do consumo que o capitalismo oferecia a uma minoria, a burguesia. Tanto o socialismo como o comunismo tiveram como base o conceito burguês do materialismo. Algumas frases dos primeiros escritos de Marx (foram considerados erros do «Jovem» Marx) foram         recitadas de foram tão ritualística como as palavras dos evangelhos são repetidas no ocidente.

Erick Fromm

domingo, 16 de setembro de 2012


  
        ALTERAR A SUA REALIDADE (liberdade pessoal)

           Não pode ser verdadeiramente livre se as interação com o Universo forem pessoais, porque uma pessoa é um conjunto limitado. Se ficar dentro do conjunto, o mesmo acontecerá à sua consciência. Hoje comece a agir como se a sua influência chegasse a todo o lado. Um dos espetáculos mais comuns na India, ou em qualquer locar do Oriente, costumavam ser os monges, com túnicas cor de açafrão, a meditar antes do amanhecer. Muitas outras pessoas (ente as quais a minha avó e a minha mãe) levantam-se a essas mesma hora matutina e dirigem-se ao templo para rezar. A finalidade desta prática é encontrarem-se com o dia antes de este começar: Encontra-se com o dia antes que ele começar significa que estamos presentes quando nasce. Abrimo-nos a uma possibilidade. Dado que ainda há acontecimentos, o dia recém-nascido é aberto, fresco e novo. Pode transformar-se no que quer que seja. Os monges que meditam e as pessoas que rezam querem juntar a sua influência de consciência naquele momento crítico, como se estivessem presente para o início da vida de um bebé.

             Hoje, pode fazer a mesma coisa. Levante-se à hora habitual – em termos ideais, deveria fazer exercício aos primeiros alvores, sentado, mas pode faze-lo deitado na cama. Entes de se levantar – e deixe que a sua mente contemple o dia que tem pela frente. De início. É provável que se aperceba dos resultados do hábito. Ver-se-á a realizar a rotina habitual no trabalho, os deveres quotidianos relacionados com a sua família e outras obrigações.
             Depois é provável que se aperceba de resíduos de ontem: o projeto que não terminou, o prazo que se aproxima, um diferendo não resolvido. Em seguida, é provável que assista ao regresso das preocupações, o que quer que, nesse momento, esteja suspenso sobre a sua cabeça.

             Deixe que tudo isso entre e saia da consciência à vontade. Tenha presente que quer que este emaranhado de imagens e palavras se esfume. De qualquer forma, o seu ego via encarregar-se destas questões habituais. Continue a olhar para o dia que tem pela frente, que não tem nada que ver com imagens ou pensamentos dado que se acabou de nascer. Obtenha uma sensação dele; tente pô-la de acordo com o seu ser.

            Ao fim de alguns momentos, verificará que a sua mente tem menos vontade de saltar da cama. Andará cá e lá numa consciência nublosa – isto significa que entrou um pouco mais abaixo da camada superior da agitação menta. (No entanto, não adormeça de novo. Quando surgir o entorpecimento, regresse à sua vontade de se encontrar com o dia.)
           Neste ponto descobrirá que, em vez de imagens, a sua mente s insere num novo ritmo de sentimentos. Este estado é mais difícil de descrever do que as imagens ou vozes. É como um sentimento de como as coisas vão ser, ou um sensação de estar preparado para oque quer que venha. Não espere nada espetacular: não estou a falar de premonições e portentos. Está ater uma experiencia simples: o seu ser está a encontra-se com o dia ao nível de incubação, onde os acontecimentos são sementes a preparar-se para despontar: O seu único objetivo é estar ali. Não precisa de mudar nada; não precisa de se ligar a julgamentos ou opiniões sobre o que pensa que deveria desenrolar-se hoje: quando s e encontra como odia, junta a influencia da sua consciência em silencia.

             E para que serve isso? O efeito ocorre a um nível subtil. É como estar ao lado da cama de uma criança enquanto ela dorme. A sua presença é suficiente, sem palavras ou atos, para acalmar a criança. Um dia precisa de começar num estado de calma, livre de resíduos e torvelinhos da atividade de ontem: mas está também a acrescentara um nível subtil de intenção ao encontrar-se como dia. Está a tencionar permitir que avida se desenrole como pretender. Apareceu como espirito aberto e o coração aberto.
            Descrevi este exercício em pormenor como forma de abrir o caminho que a sua mente pode seguir. Não vai dar consigo a duplicar, exatamente, as fases que foram enumeradas, mas o exercício teve êxito se tocar, mesmo que apenas brevemente, um dos seguintes estados de consciência.

·                        Sente-se novo. Este dia vai ser único.
·                        Sente-se em paz. Este dia vai ser resolver uma questão que lhe provoca stress.
·                        Sente-se em harmonia. Este dia vai estar isento de conflitos.
·                        Sente-se criativo. Este dia vai mostrar-lhe algo nunca antes visto.
·                        Sente-se carinhoso. Este dia vai apaziguar diferenças e incluir os que se sente excluídos.
·                        Sente-se inteiro. Este dia vai fluir sem separação.

             Agora foi apresentado ao mundo dos momentos que antederam o amanhecer onde os santos e sábios têm trabalhado, de há milhar de anos a esta parte. O que têm estado a fazer, e que agora o leitor está a começar a fazer, é derramar a realidade sobre a terra. Está abrir um canal na sua consciência através do qual a renovação, a paz. A harmonia, a criatividade, o maior, e a inteireza têm a possibilidade de chegar até cá. Sem alguém para ir ao encontro do dia, estas qualidades existem apenas dentro daqueles indivíduos – ou, por vezes, não existem sequer. Tal como a chuva a cair de um céu limpo, sua influência faz um a possibilidade se torne manifesta.

            Deepak Chopra in o livro dos segredos.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O homem novo




                                    O homem novo

A função da nova sociedade é estimular o aparecimento de um Homem cuja estrutura de caracter apresente as seguintes qualidades:
·        Desejar abandonar todas as formas de ter para poder ser plenamente.
·        Terá a segurança, a noção de identidade e confiança assentes na convicção de que cada um é; estará consciente das suas necessidades, dos seus interesses, do amor e da solidariedade em relação ao mundo que o rodeia, em substituição do desejo de ter, possuir, controlar o mundo, tornando-se, portanto escravos das suas posses.
·        Aceitará o facto de nada nem ninguém, fora de nós próprios, dará sentido à nossa vida mas que a independência radical e o despojamento da avidez da posse das coisas, poderem tornar-se a condição necessária para uma pela atividade devotada ao afeto e á partilha.   Estará presente de corpo e alma onde quer que se encontre.

·        Terá a alegria que nasce da dádiva e do carinho e não da acumulação e da exploração dos outros. Sentirá amor e respeito pela vida, em todas a sua formas de manifestação e de conhecimento. Não pelas coisas e pelo poder, tudo isso estará morto. Apenas a vida será sagrada assim como tudo o que faz parte do seu crescimento. Tentará reduzir a avidez, o ódio, as ilusões, tanto quanto lhe for possível. Viverá sem venerar ídolos e sem ilusões, porque terá atingido um estádio em que elas já não serão necessárias.

·        Desenvolverá a capacidade de amar juntamente com a possibilidade de apreciar, de forma critica e não emocional, um pensamento.  Perderá o narcisismo, aceitando as limitações drásticas inerentes à sua existência humana. Fará do nosso crescimento total e do dos nossos semelhantes o objectivo supremo da vida.Saberá que a disciplina e o respeito pela realidade são absolutamente necessários para obtenção deste objectivo.

·        Saberá também que não é saudável qualquer crescimento que não ocorra ao nível da estrutura, mas reconhecerá a diferença entra a «estrutura» como atributo da vida e a «ordem» como atributo da não-vida, ou seja da morte. Desenvolverá a imaginação, não como fuga das situações insuportáveis, mas como antecipação de possibilidade reais, como um meio de afastar essas situações nocivas. Não desiludirá os outros, mas não se deixará igualmente desiludir por eles; poderão chamar-lhe inocente mas não ingénuo.

·        Conhecer-se-á a si próprio, não apenas ao nível do ego que lhe é familiar mas também do ego mais profundo, ainda que tendo uma noção algo vaga desses conhecimentos. Sentirá a unidade com a vida que só é possível quando se desiste de conquistar a Natureza, de a sujeitar, explorar e violara de forma destrutiva, optando por compreende-la e estabelecer com ela a cooperação.  Obterá a liberdade não arbitraria como possibilidade de ser ele próprio, não um feixe de desejos ávidos, mas uma estrutura equilibrada que a cada momento é confrontada com a alternativa do crescimento ou da quer da vida ou da morte.

·        Saberá que o mal e a destrutividade são necessárias consequências do fracasso do crescimento. Terá consciência de que só alguns atingiram a perfeição em todas estas qualidades, mas que não possuir a «ambição» de ter esse conhecimento como objectivo, é apenas mais um a forma de avidez do ter.Saberá que a felicidade, no processo de continuo crescimento de vida, seja qual for o ponto que o destino nos permitir atingir, a fim de viver tão plenamente quanto possível, é de  tal modo satisfatório que  a preocupação com o que poderíamos ou não ir a fazer, é uma questão que tem poucas hipóteses de se colocar.

Será necessário:
·       Resolver a questão de como manter o modo industrial de produção sem a sua centralização total, isto é sem terminar no fascismo à moda antiga ou, com maiores probabilidades ainda, «no fascismo de expressão sorridente». Aliar um planeamento de «economia livre de mercado», que se torne totalmente fictícia. Abandonar o objectivo de crescimento ilimitado, optando pelo crescimento selectivo para não correr o risco de catástrofe económica.
·        Criar condições de trabalho e um espirito generalizado em que as motivações efetivas não sejam apenas os estímulos materiais, mas outras satisfações de ordem psicológica.
·        Levar mais longe o progresso cientifico e, ao mesmo tempo. Evitar que ele se torne um perigo para a espécie humana através da sua utilização pratica.
·        Criar as condições necessárias para que, nas experiencia dos indivíduos, predomine o bem-estar e a alegria e não a satisfação dp máximo prazer.
·        Oferecer a todos um segurança básica que não os torne dependentes da máquina burocrática para o seu próprio sustento.
·        Renovar as possibilidades de iniciativa individual na vida diária, mais do que nos negócios (onde, aliás, elas já não existam)
·        (…)
Os projetos com objetivos gerais deste tipo, tais como «socialização dos meios de produção» acabaram por tornar-se referências socialistas e comunistas, camuflando a ausência do socialismo. As expressões «ditadura do proletariado» ou «uma elite intelectual» não são menos obscuras e enganosas do que o conceito de «economia de mercado» ou ainda o de nações «livres». Os primeiros socialistas e comunistas, entre eles Marx e Lenine, não tinham, planos concretos para uma sociedade socialista ou comunista; esta foi a grande fraqueza do socialismo.
(…)
(Erick From in Ter ou Ser.)